Com relação à eficácia das curas espirituais,
alguns pesquisadores relatam que seriam totalmente inúteis21 ou que apenas os pacientes com
transtornos somatoformes obteriam resultado positivo8
, enquanto outros estudiosos registraram
curas obtidas mesmo em sérias condições orgânicas2,7,10,11. Há relatos de que algumas vezes os
curadores realizavam diagnósticos antes destes terem sido obtidos pelos métodos convencionais7
.
Outro ponto obscuro com relação às curas espirituais é quanto à necessidade de fé do paciente para
que a controversa “cura” possa ocorrer. Há predominância dos que julgam-na necessária9,10,22,23, mas
certos autores afirmam que a “cura” ocorreria independente da fé2,20
.
Um importante fator para o desconhecimento
científico das cirurgias espirituais é a omissão
dos pesquisadores24, muitas vezes fruto de um
intransigente cepticismo7
. O tema, quase que
completamente inexplorado, possui amplas possibilidades de estudo e de aplicações1,2,11, estudo
esse que deve diferenciar o que é eficaz do que é
inútil ou prejudicial25
.
Como busca-se o alívio e, se possível cura, das
enfermidades, o que é útil deve ser incorporado à
prática médica2,26, principalmente porque, em geral, são procedimentos sem efeito colateral e de
custo desprezível2
e aquilo que é danoso ou inútil
deve ser proscrito. Com estudos controlados, seria
possível identificar os charlatães25, possibilitando
suas punições.
É imprescindível evitar o conflito entre a medicina tradicional e a científica, devendo-se enxergá-las não como antagônicas, mas como complementares13,23,25. Os fenômenos ditos paranormais
não são inexplicáveis24,27, mas permanecem em
grande parte inexplicados. Não são sobrenaturais,
sendo, no máximo, fatos ainda não satisfatoriamente explicados pelas leis naturais até então
conhecidas11,22
.
Há necessidade premente de mais estudos devido ao seu potencial valor, principalmente no que se
refere aos mecanismos e efeitos da cura2,17. Fato
significativo é a existência de metodologia cientí-
fica para a análise de curas espirituais que é capaz
de controlar o efeito placebo1,2,28,,29,30.As evidências
de resultados objetivos que ultrapassam os possí-
veis efeitos psicológicos não foram suficientes para
vencer a resistência de grande parte do meio científico em estudar com seriedade o assunto2
. Já foi
relatado o aumento da atividade enzimática in
vitro, diminuição do crescimento de microorganismos em cultura1,2, a aceleração do crescimento
de plantas e da cicatrização em ratos, aumento da
hemoglobinemia humana2,3, reducão dos níveis
pressóricos em hipertensos30 e da dor em portadores da síndrome da dor crônica idiopática31. A
medicina ortodoxa freqüentemente tem exigido da
medicina complementar, maiores padrões de provas que os requeridos para ela mesma13. Em termos históricos, a aplicação do método científico à
medicina ocidental é algo relativamente recente,
muitos de nossos procedimentos ainda não possuem uma firme base científica. Incontestavelmente, para as terapias complementares os fundamentos científicos são muito mais escassos18
.
Buscando um maior conhecimento das curas
espirituais, decidimos estudar as controvertidas
cirurgias espirituais. Objetivou-se principalmente avaliar a veracidade e a realização das cirurgias
em si, com ênfase na analgesia e antissepsia. É
esse um passo importante, pois antes de tudo é
preciso saber se tais fenômenos são simples truques ou se são reais, requerendo, desse modo,
maiores estudos.
MATERIAL E MÉTODO
Para operacionalizar essas metas, executaramse as seguintes etapas:
1. Definiu-se pelo estudo do brasileiro João Teixeira de Farias, que atende em Abadiânia, no
Estado de Goiás, situado no centro-oeste do Brasil,
a 115Km do Distrito Federal. Ele foi escolhido por
atender diariamente a centenas de pessoas11,15,16
,
por ter despertado o interesse da mídia e de pesquisadores do Brasil, Peru, Alemanha e EUA11,15, e
por receber caravanas de enfermos de todo Brasil,
além dos EUA, Portugal, Itália e outros países
europeus e asiáticos11
.
2. Previamente foi realizado contato telefônicoOs pacientes foram examinados até três dias depois da cirurgia sem
nenhum sinal de infecção, bem como os relatos
posteriores dos pacientes não continham infor-
mações de infecção. O exame histopatológico evi-
denciou que os tecidos extraídos eram compatí-
veis com o local de origem e, com exceção de um
lipoma de 210 gramas, eram tecidos normais, sem
particularidades patológicas. Foi realizada revi-
são da literatura e discussão do efeito placebo.
C ONCLUSÕES . As cirurgias são reais, mas, apesar
de não ter sido possível avaliar a eficácia do
procedimento, aparentemente não teriam efeito
específico na cura dos pacientes. Sem dúvida,
nossos achados são mais exploratórios que conclu-
sivos. São necessários posteriores estudos para
lançar luz sobre esse heterodoxo tratamento.
INTRODUÇÃO Um dos mais interessantes e controversos tipos
de cura espiritual é a cirurgia espiritual, que é
muito popular no Brasil 14-16 e nas Filipinas 8,17, onde
diariamente milhares de pessoas de todo o mundo
buscam atendimento. Como todas as terapias com-
plementares, o assunto é polêmico e cria grande
divergência de opinião entre a população, mídia e
até mesmo entre os pesquisadores, que, muitas
vezes se baseiam apenas em trabalhos que foram
selecionados por corroborarem seus pontos de vis-
ta, ignorando os resultados contrários 18. É possível
notar que a maior parte dos conceitos emitidos
provêm de opiniões preconcebidas, favoráveis ou
desfavoráveis, moldadas nas convicções pessoais de
cada um. Indubitavelmente, há muitos casos de
charlatanismo, de simples truques5,8,14,17,19; mas faz-
se mister definir se todos os fenômenos dessa estir-
pe são fraudes, ou se há algo de real que necessita
ser melhor conhecido. A avaliação da veracidade
das cirurgias espirituais é bastante dificultada pelo
fato de tais curandeiros geralmente não cederem os
materiais extraídos dos pacientes para uma análise
laboratorial8,20,21. Em alguns dos casos dos quais foi
possível analisá-los, foi constatado que o sangue e
os tecidos “retirados” eram fraudulentos5,8,17,19.
Há um extenso registro de curas espirituais em
todo o mundo desde a mais remota antigüidade1-3.
Foram encontrados relatos no Egito e Grécia anti-
gos, entre os índios 4, além do fato de que a história
cristã é rica em fatos dessa natureza 2.
Apesar de uma origem tão antiga, as curas
espirituais persistem ainda em nossos dias quase
que completamente ignoradas do ponto de vista
científico 5. Entretanto, geram acentuado interes-
se em milhões de pessoas que buscam alívio para
seus males, tanto em países desenvolvidos2,6,7 como
em desenvolvimento8,9.
O raciocínio popular diferencia a medicina oci-
dental da cura espiritual, mas considera que ambas
são eficazes 7. Desse modo, geralmente a medicina
espiritual é usada como complemento da medicina
ocidental9,10,11, sendo muitas vezes o último recurso
dos pacientes, que, geralmente, não relatam esse
uso da medicina alternativa para seus médicos6,12.
Nos últimos anos tem havido um aumento do inte-
resse dos médicos pelo tema2, e uma busca de “do-
mesticar” como conhecimento científico o que já foi
tido como anárquico demais para ser “domado” 13.
194
UNITERMOS: Cirurgia espiritual. Cura espiritual. Terapia
alternativa. Terapia complementar.
com os dirigentes da instituição onde o cirurgião
espiritual atende e foi obtido argumentos sobre curas supostas espirituais
alguns pesquisadores relatam que seriam totalmente inúteis21 ou que apenas os pacientes com
transtornos somatoformes obteriam resultado positivo8
, enquanto outros estudiosos registraram
curas obtidas mesmo em sérias condições orgânicas2,7,10,11. Há relatos de que algumas vezes os
curadores realizavam diagnósticos antes destes terem sido obtidos pelos métodos convencionais7
.
Outro ponto obscuro com relação às curas espirituais é quanto à necessidade de fé do paciente para
que a controversa “cura” possa ocorrer. Há predominância dos que julgam-na necessária9,10,22,23, mas
certos autores afirmam que a “cura” ocorreria independente da fé2,20
.
Um importante fator para o desconhecimento
científico das cirurgias espirituais é a omissão
dos pesquisadores24, muitas vezes fruto de um
intransigente cepticismo7
. O tema, quase que
completamente inexplorado, possui amplas possibilidades de estudo e de aplicações1,2,11, estudo
esse que deve diferenciar o que é eficaz do que é
inútil ou prejudicial25
.
Como busca-se o alívio e, se possível cura, das
enfermidades, o que é útil deve ser incorporado à
prática médica2,26, principalmente porque, em geral, são procedimentos sem efeito colateral e de
custo desprezível2
e aquilo que é danoso ou inútil
deve ser proscrito. Com estudos controlados, seria
possível identificar os charlatães25, possibilitando
suas punições.
É imprescindível evitar o conflito entre a medicina tradicional e a científica, devendo-se enxergá-las não como antagônicas, mas como complementares13,23,25. Os fenômenos ditos paranormais
não são inexplicáveis24,27, mas permanecem em
grande parte inexplicados. Não são sobrenaturais,
sendo, no máximo, fatos ainda não satisfatoriamente explicados pelas leis naturais até então
conhecidas11,22
.
Há necessidade premente de mais estudos devido ao seu potencial valor, principalmente no que se
refere aos mecanismos e efeitos da cura2,17. Fato
significativo é a existência de metodologia cientí-
fica para a análise de curas espirituais que é capaz
de controlar o efeito placebo1,2,28,,29,30.As evidências
de resultados objetivos que ultrapassam os possí-
veis efeitos psicológicos não foram suficientes para
vencer a resistência de grande parte do meio científico em estudar com seriedade o assunto2
. Já foi
relatado o aumento da atividade enzimática in
vitro, diminuição do crescimento de microorganismos em cultura1,2, a aceleração do crescimento
de plantas e da cicatrização em ratos, aumento da
hemoglobinemia humana2,3, reducão dos níveis
pressóricos em hipertensos30 e da dor em portadores da síndrome da dor crônica idiopática31. A
medicina ortodoxa freqüentemente tem exigido da
medicina complementar, maiores padrões de provas que os requeridos para ela mesma13. Em termos históricos, a aplicação do método científico à
medicina ocidental é algo relativamente recente,
muitos de nossos procedimentos ainda não possuem uma firme base científica. Incontestavelmente, para as terapias complementares os fundamentos científicos são muito mais escassos18
.
Buscando um maior conhecimento das curas
espirituais, decidimos estudar as controvertidas
cirurgias espirituais. Objetivou-se principalmente avaliar a veracidade e a realização das cirurgias
em si, com ênfase na analgesia e antissepsia. É
esse um passo importante, pois antes de tudo é
preciso saber se tais fenômenos são simples truques ou se são reais, requerendo, desse modo,
maiores estudos.
MATERIAL E MÉTODO
Para operacionalizar essas metas, executaramse as seguintes etapas:
1. Definiu-se pelo estudo do brasileiro João Teixeira de Farias, que atende em Abadiânia, no
Estado de Goiás, situado no centro-oeste do Brasil,
a 115Km do Distrito Federal. Ele foi escolhido por
atender diariamente a centenas de pessoas11,15,16
,
por ter despertado o interesse da mídia e de pesquisadores do Brasil, Peru, Alemanha e EUA11,15, e
por receber caravanas de enfermos de todo Brasil,
além dos EUA, Portugal, Itália e outros países
europeus e asiáticos11
.
2. Previamente foi realizado contato telefônicoOs pacientes foram examinados até três dias depois da cirurgia sem
nenhum sinal de infecção, bem como os relatos
posteriores dos pacientes não continham infor-
mações de infecção. O exame histopatológico evi-
denciou que os tecidos extraídos eram compatí-
veis com o local de origem e, com exceção de um
lipoma de 210 gramas, eram tecidos normais, sem
particularidades patológicas. Foi realizada revi-
são da literatura e discussão do efeito placebo.
C ONCLUSÕES . As cirurgias são reais, mas, apesar
de não ter sido possível avaliar a eficácia do
procedimento, aparentemente não teriam efeito
específico na cura dos pacientes. Sem dúvida,
nossos achados são mais exploratórios que conclu-
sivos. São necessários posteriores estudos para
lançar luz sobre esse heterodoxo tratamento.
INTRODUÇÃO Um dos mais interessantes e controversos tipos
de cura espiritual é a cirurgia espiritual, que é
muito popular no Brasil 14-16 e nas Filipinas 8,17, onde
diariamente milhares de pessoas de todo o mundo
buscam atendimento. Como todas as terapias com-
plementares, o assunto é polêmico e cria grande
divergência de opinião entre a população, mídia e
até mesmo entre os pesquisadores, que, muitas
vezes se baseiam apenas em trabalhos que foram
selecionados por corroborarem seus pontos de vis-
ta, ignorando os resultados contrários 18. É possível
notar que a maior parte dos conceitos emitidos
provêm de opiniões preconcebidas, favoráveis ou
desfavoráveis, moldadas nas convicções pessoais de
cada um. Indubitavelmente, há muitos casos de
charlatanismo, de simples truques5,8,14,17,19; mas faz-
se mister definir se todos os fenômenos dessa estir-
pe são fraudes, ou se há algo de real que necessita
ser melhor conhecido. A avaliação da veracidade
das cirurgias espirituais é bastante dificultada pelo
fato de tais curandeiros geralmente não cederem os
materiais extraídos dos pacientes para uma análise
laboratorial8,20,21. Em alguns dos casos dos quais foi
possível analisá-los, foi constatado que o sangue e
os tecidos “retirados” eram fraudulentos5,8,17,19.
Há um extenso registro de curas espirituais em
todo o mundo desde a mais remota antigüidade1-3.
Foram encontrados relatos no Egito e Grécia anti-
gos, entre os índios 4, além do fato de que a história
cristã é rica em fatos dessa natureza 2.
Apesar de uma origem tão antiga, as curas
espirituais persistem ainda em nossos dias quase
que completamente ignoradas do ponto de vista
científico 5. Entretanto, geram acentuado interes-
se em milhões de pessoas que buscam alívio para
seus males, tanto em países desenvolvidos2,6,7 como
em desenvolvimento8,9.
O raciocínio popular diferencia a medicina oci-
dental da cura espiritual, mas considera que ambas
são eficazes 7. Desse modo, geralmente a medicina
espiritual é usada como complemento da medicina
ocidental9,10,11, sendo muitas vezes o último recurso
dos pacientes, que, geralmente, não relatam esse
uso da medicina alternativa para seus médicos6,12.
Nos últimos anos tem havido um aumento do inte-
resse dos médicos pelo tema2, e uma busca de “do-
mesticar” como conhecimento científico o que já foi
tido como anárquico demais para ser “domado” 13.
194
UNITERMOS: Cirurgia espiritual. Cura espiritual. Terapia
alternativa. Terapia complementar.
com os dirigentes da instituição onde o cirurgião
curas espirituais,
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